06/02/2017

Avaliação e intervenção:
um assunto que merece mais atenção

Por Eloisa Nascimento

São vários os motivos que levam o docente a realizar uma avaliação. Pode-se avaliar para diagnosticar, acompanhar, monitorar, identificar, conhecer, medir ou treinar. Entretanto, nada disso trará mudanças se o docente não planejar e realizar as intervenções de acordo com o objetivo que se estabeleceu antes de avaliar o aluno. Isso se deve ao fato de que o ato de avaliar está intimamente relacionado ao ato de intervir e ambos precisam caminhar juntos para que mudanças possam ser notadas e conquistadas no âmbito educacional.

Considerando a relevância cada vez mais evidente em se efetivar melhorias na educação, especificamente na educação pública, nota-se uma ênfase ainda mais intensa na prática de diferentes avaliações internas, mais precisamente ao final do semestre letivo, visando preparar os alunos para avaliações externas, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e a Prova Brasil. Essa prática, muitas vezes, nos revela duas tristes realidades: os aspectos quantitativos prevalecendo sobre os qualitativos e a capacidade de treinar os alunos para conseguirem responder questões prevalecendo sobre a capacidade de medir o aprendizado.

De acordo com a definição de avaliação escolar de Luckesi, a avaliação é "um juízo de qualidade sobre dados relevantes para uma tomada de decisão". Partindo desse ponto, avalia-se para planejar as tomadas de decisões necessárias, ou seja, fazem-se intervenções com base nos resultados obtidos visando melhorias no processo de ensino-aprendizagem. As intervenções precisam ser inseridas no cotidiano dos docentes, principalmente para tornar a avaliação um instrumento de inclusão, de crescimento e de aquisição e não apenas um instrumento de classificação e seleção.

Capacitar e auxiliar os alunos, tanto para essas avaliações quanto para aquisição de conhecimento, é de suma importância para a trajetória escolar e profissional na vida desses alunos. Tão importante que é notável, em pleno século XXI, a presença de alunos analfabetos funcionais ingressando nas universidades, alunos que não dominam habilidades básicas de leitura e escrita.

Esse cenário pede um olhar mais atento para algumas questões, como baixa qualidade do ensino público, adoção da progressão continuada na educação pública e o descaso com a falta de valorização com a carreira docente por parte dos órgãos competentes. São necessárias novas políticas públicas para alcançar uma educação que consiga atender as metas educacionais e ter uma excelência em qualidade de ensino.

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